quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Uma grande manhã como todas as outras

Em uma manhã como todas as outras, ela passou a acreditar nela mesma. Passou a respeitar os relâmpagos cardíacos que marcavam o nascimento dos seus sentimentos. Aprendeu a olhar sem filtro para eles, sem óculos escuros. Aprendeu a suportar a sua luz sem lágrimas nos olhos. Os relâmpagos justificavam a sua presença eletrizante, quando, muitas vezes, ela se colocava em sua própria defesa. Há uma conexão muito bela, própria dos movimentos da arte, entre a ideia e o sentimento. A maneira como eles se relacionam, a maneira como essas conexões acontecem, é o que diferencia as pessoas, o que faz com que elas existam. Pode, ao que tudo indica, ser o princípio desse acontecimento. Uma grande ideia provoca relâmpagos e gera fortes sentimentos. Uma grande ideia é igual a todas as outras, mas é uma ideia que, por algum motivo, atravessa o seu habitat cerebral e, em grande cintilância, corre do céu ao chão do coração provocando arritmias ou sustos. Um grande suspiro pode apaziguar a sensação de dor, quando um grande sentimento sai de seu habitat cardíaco e atravessa seu útero como um raio. Um grande sentimento é igual a todos os outros, mas é um sentimento que, por algum motivo, permanece nela e, dentro dela, se transforma. E se torna cada vez maior e mais luminoso, até que ela dê a luz aos berros, muito dona de si e de seu próprio corpo selvagem. Quando isso acontece, alguém de muita sorte, leva ao mundo a notícia. Entre aspas, que também significa dizer em voz alta. Hoje, uma mulher, fez nascer a sua ideia. 

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