segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

être en minuscules

antes tarde do que nunca. bailarina tardia, menininha aos trinta e, aprendendo a andar. valsar (como aos 15 anos lhe ensinou seu avô) sem olhar para o chão. tentando firmar os pés para flutuar. demi plié. relevé. be a bá. garota aos trinta e, se apoiando na barra. (medo de subir, gente. medo de cair, gente. medo de vertigem, quem não tem?) aprendendo a melodia de cór -- ouvir para se entregar. entendendo que é possível equilibrar as pontas dos pés na frase melódica, saltar de frase em frase, girar entre uma e outra. entendendo que as pernas e os braços gravitam porque existe um centro, existe um sol. mulher à la Degas, reproduzindo o movimento fluido, dando permissão às mãos para que se aproximem e se afastem do corpo e determinem a direção do olhar. bailarina é um pretexto para as pinturas dizerem: "a vida flui". trinta e, e a transpiração é o coração em sintonia com o desejo. a determinação de um momento. respiração de mãos dadas com a música. e o corpo se beija, se expande, o corpo dança. emana o que há de melhor dentro dele e colhe o que há de melhor fora dele -- para acolher em si. lá, sol, fá, mi.

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